terça-feira, 29 de junho de 2010

NOTA BAIXA


 


 

O jornal "A Gazeta" de 1º de junho deste ano, como em todas as terças-feiras, trouxe a opinião do Professor Roberto Garcia Simões, desta vez com o título "Nota baixa". O artigo é assim iniciado:


 

Mais um estudo nacional permite identificar o contraste no Espírito Santo entre o crescimento econômico e indicadores das políticas públicas sociais. Na educação, o ponto é os anos de estudo da população. O Espírito Santo está abaixo da média do Brasil.


 

E cita o estudo nacional "Uma Avaliação do Atual Processo de Inclusão Social no Brasil", apresentado no XXII Fórum Nacional, realizado em maio deste ano, em que o conceito de inclusão adotado inclui as dimensões econômica, educacional e digital. Na dimensão econômica, o Espírito Santo apresenta taxa de ocupação superior à média nacional e na formalização do emprego, a taxa é próxima de 60%, mas inferior à média brasileira.

Nesse estudo, o componente Educação e Conhecimento, que gera o Índice de

Inserção Educacional, é representado por quatro subcomponentes: a taxa de

alfabetização da população de 15 anos ou mais; a porcentagem das pessoas com 15

anos ou mais e com 4 anos ou mais de estudo; a porcentagem das pessoas com 20

anos ou mais e 9 anos ou mais de estudo; e a porcentagem das pessoas de 24 anos ou

mais e 12 anos ou mais de estudo.

Nesse índice, foi conferida ao Espírito Santo uma nota baixa, nos quatro indicadores pesquisados com base em dados de 2008, com ponto crítico na escolaridade, revelando que, na conclusão de todas as etapas da educação básica e do nível superior, o percentual de pessoas no Espírito Santo é inferior ao do País como um todo. E complementa:


 

As pessoas com 4 anos ou mais de estudos no ES ficam em 67,44%. Três em cada dez pessoas não concluíram o ensino fundamental. No Brasil, chegam a 68%. Pouca diferença? O percentual do ES é o menor em comparação aos demais estados do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, exceção de MS ( 67,11% ). Quanto ao ensino básico, pessoas com 9 anos ou mais de estudo, menos da metade concluíram esse nível: 42,54%, sendo de 43,53% no Brasil. O percentual do estado está abaixo das outras unidades do Sudeste.


 


 

No caso do ensino superior, no Estado do Espírito Santo, somente 12,47% das pessoas têm 12 ou mais anos de estudos, "também aquém do sofrível indicador do Brasil", que é de 14,05%. O número de pessoas que concluíram o ensino superior é menor que em todos os demais estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

No indicador taxa de alfabetização, o resultado é alto, com a comprovação da universalização do ensino fundamental, mas com baixa qualidade no ensino.

Indaga, assim, o colunista se é a baixa escolaridade a responsável, tanto pelo "apagão de mão de obra", como pelo salário médio pago no Espírito Santo, que, segundo pesquisa do IBGE, é menor que a média nacional e da região Sudeste. E conclui afirmando que "a educação precisa avançar com a mesma dedicação dispensada ao crescimento econômico".

Corroborando os dados apresentados na pesquisa, o jornal "A Gazeta" do dia 12 de junho deste ano, traz notícia com o mesmo título do artigo do Professor Roberto Garcia Simões: Nota baixa. Cerca de 89 mil vão fazer nova prova. E mais: Quatro em
cada 10 alunos ficam de recuperação na rede estadual.

E noticia que, dos 213.820 alunos do ensino fundamental e médio da rede estadual de ensino, pouco mais de 89.000 ficaram de recuperação, representando o percentual de 58% dos alunos do ensino médio e 42% do ensino fundamental. Mas, apesar dos números, segundo a reportagem, o Secretário Estadual de Educação, Haroldo Corrêa Rocha, não se surpreendeu:


 

Como é o primeiro ano de implantação desse sistema, esperávamos que isso pudesse acontecer. E o objetivo é exatamente permitir a reparação dos erros cometidos no começo do ano, para evitar a reprovação.


 

É surpreendente esse depoimento! Como é possível fazer uma alteração nos critérios de avaliação da aprendizagem e esperar que os resultados possam ser tão ruins como foram? Se antes as recuperações eram bimestrais e agora são trimestrais, está claro que o aluno vai ter menos oportunidades de recuperação! E o objetivo da mudança, segundo a reportagem, é "tentar diminuir os índices de aprovação e abandono escolar que, em 2008, chegavam a 37% e 32%, respectivamente".

Além dessa alteração, cujos resultados já começaram a aparecer, os alunos da rede estadual de ensino não terão mais o direito à progressão parcial. E também essa medida foi tomada para diminuir os índices de evasão e repetência?

Quando a discussão, em nível nacional, é a progressão continuada, no Espírito Santo, a política é dificultar, ainda mais, a permanência do aluno na escola.

Nota baixa para quem?


 


 


 

BIBLIOGRAFIA:


 

ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti. Uma avaliação do atual processo de inclusão no Brasil( Versão preliminar). Estudos e Pesquisas, Rio de Janeiro, n. 348. Disponível em: <http:// www.forumnacional.org.br/pub/ep/EP0348.pdf >. Acesso em: 27 jun. 2010.

ALUNO não pode mais "dever" matéria e passar de ano. A Gazeta, p. 3, 4 fev. 2010.

NOTA baixa. A Gazeta, Vitória, p. 5, 12 jun. 2010.


 

SIMÕES, Roberto Garcia. Nota baixa. A Gazeta, p. 6, 1 jun. 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário